A era da internet lenta e instável nos aviões pode estar chegando ao fim com a Starlink. A SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, está levando sua inovadora tecnologia de internet via satélite, a Starlink, para as alturas, literalmente. Algumas companhias aéreas já começaram a oferecer conexão via Starlink a bordo de seus voos comerciais, com promessa de alta velocidade, baixa latência e até acesso gratuito para todos os passageiros.
Este é um marco importante na transformação da experiência de voar. Para quem depende da internet para trabalhar, se comunicar ou se entreter durante viagens, a diferença é notável.
O Que é a Starlink
A Starlink é um projeto da SpaceX criado para fornecer acesso à internet de alta velocidade em qualquer lugar do planeta, especialmente em áreas remotas e de difícil cobertura. Ao contrário da maioria dos serviços tradicionais de internet via satélite, que utilizam satélites geoestacionários posicionados a 36 mil quilômetros da Terra, a Starlink opera com uma constelação de milhares de satélites em órbita terrestre baixa (LEO), a cerca de 550 quilômetros de altitude.
Essa menor distância reduz drasticamente a latência, ou seja, o tempo que leva para um dado sair do seu dispositivo, chegar ao servidor e voltar. Com a Starlink, essa latência pode ser até 10 vezes menor do que nos sistemas convencionais.
Diferença entre a internet tradicional e a Starlink em voos
A internet a bordo tradicional geralmente utiliza sistemas baseados em satélites geoestacionários, o que resulta em uma conexão lenta, com quedas frequentes e qualidade instável. Em muitos casos, o passageiro precisa pagar por um pacote de dados limitado, que muitas vezes não é suficiente nem para abrir redes sociais com fluidez.
Com a Starlink, a proposta é diferente:
- Alta velocidade: em testes e uso real, já foram registrados até 100 Mbps de velocidade disponível por avião
- Baixa latência: essencial para videochamadas, jogos online e navegação em tempo real
- Cobertura global e constante: a constelação de satélites da Starlink permite manter a conexão mesmo sobre oceanos e áreas remotas
- Menor interferência climática: por estar mais próxima da Terra, a Starlink é menos afetada por tempestades atmosféricas e fenômenos climáticos
Essa nova abordagem representa um salto de qualidade comparável à transição da internet discada para a banda larga.
Como funciona a conexão a bordo
As aeronaves que utilizam a Starlink possuem antenas específicas instaladas na fuselagem, conectadas diretamente aos satélites em órbita. A comunicação entre os satélites e a Terra é feita por meio de feixes direcionais de alta frequência. Uma vez instalado, o sistema funciona de maneira automática, oferecendo Wi-Fi a bordo como em qualquer ambiente terrestre.
Em algumas companhias como a AirBaltic, o Wi-Fi já está disponível sem senha e de forma gratuita. Isso significa que o passageiro pode se conectar com um simples clique, sem cadastros, sem planos, sem barreiras.
Companhias aéreas que já oferecem a Starlink
Abaixo, veja uma tabela com as principais companhias que já utilizam (ou anunciaram que vão utilizar em breve) a Starlink a bordo de suas aeronaves:
| Companhia Aérea | País | Wi-Fi com Starlink | Classes Disponíveis | Velocidade Estimada |
| AirBaltic | 🇱🇻 Letônia | Grátis, sem senha | Todas as classes | Até 500 Mbps |
| JSX | 🇺🇸 Estados Unidos | Grátis | Todas (voos executivos) | Não especificada |
| Hawaiian Airlines | 🇺🇸 Estados Unidos | Grátis | Todas as classes | Até 200 Mbps |
| Qatar Airways | 🇶🇦 Catar | Grátis | Todas as classes | Até 500 Mbps |
| United Airlines | 🇺🇸 Estados Unidos | Grátis (para membros MileagePlus) | Todas as classes | Média de 128 Mbps (download), 24 Mbps (upload) |
| ZIPAIR Tokyo | 🇯🇵 Japão | Pago | Todas as classes | Não especificada |
| Air New Zealand | 🇳🇿 Nova Zelândia | Grátis | Todas as classes | Não especificada |
Observações: A velocidade pode variar conforme o número de usuários a bordo e as condições do voo, mas em testes e declarações oficiais, a Starlink promete velocidades de até 500 Mbps por avião, o que já é excelente para streaming, chamadas e uso simultâneo.
Como funciona na prática?
Na AirBaltic, por exemplo, os passageiros podem simplesmente se conectar à rede Wi-Fi da Starlink sem precisar de senha, como se estivessem em um café ou praça pública. Já na Hawaiian Airlines, que começou a implementação em 2024, a promessa é que todos os passageiros tenham acesso gratuito e ilimitado, com qualidade suficiente para assistir a filmes em alta definição.
Novas parcerias
Além das companhias que já estão operando com a internet Starlink a bordo, diversas outras companhias aéreas ao redor do mundo já anunciaram parcerias com a SpaceX para implementação futura da tecnologia em suas frotas. Esses anúncios mostram o crescimento acelerado da presença da Starlink no setor da aviação comercial e executiva, com expectativa de ampla cobertura nos próximos anos.
Entre os nomes confirmados, Delta Air Lines, uma das maiores companhias dos Estados Unidos, realizou testes com a Starlink em 2022 e confirmou que está em negociações avançadas para adotar a tecnologia, embora ainda não haja uma data oficial de lançamento. A expectativa é que a empresa implemente o serviço em voos domésticos de médio e longo curso, como diferencial competitivo frente a companhias que já oferecem Wi-Fi gratuito.
Outra empresa em destaque é a SWISS International Air Lines, da Suíça, que faz parte do Lufthansa Group. A companhia anunciou planos para modernizar sua conectividade de bordo e incluir a Starlink como uma das prováveis fornecedoras, especialmente para as rotas transatlânticas. O grupo Lufthansa como um todo também estuda adoção da tecnologia em suas outras subsidiárias, como Lufthansa e Austrian Airlines.
No Oriente Médio, Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, também demonstrou interesse pela Starlink. Embora ainda em fase preliminar, a companhia avalia parcerias para instalar internet de alta velocidade em seus aviões de longa distância. Esse movimento acompanha a tendência iniciada pela Qatar Airways, já parceira confirmada da Starlink.
Na América Latina, há rumores e negociações em andamento com pelo menos duas empresas: a GOL Linhas Aéreas, do Brasil, e a Sky Airline, do Chile. Ambas vêm explorando opções de conectividade com foco em custo-benefício e poderiam ser candidatas naturais para adoção da Starlink nos próximos dois anos, principalmente em voos internacionais.
Por fim, o setor de aviação executiva também está adotando rapidamente a nova tecnologia. Empresas como NetJets e VistaJet, líderes globais em voos fretados e aviação de luxo, já anunciaram contratos com a Starlink para equipar suas aeronaves. A promessa é oferecer Wi-Fi com desempenho semelhante ao de redes domésticas, o que é um grande atrativo para clientes corporativos.
Esses movimentos indicam que a Starlink deve se consolidar como um novo padrão de conectividade aérea global até 2026, oferecendo velocidades superiores, cobertura em áreas remotas e menor custo operacional para as companhias e, claro, uma experiência muito melhor para os passageiros.
O futuro da conectividade a bordo
Com a adoção crescente da Starlink, é provável que outras grandes companhias também façam parcerias para atualizar suas frotas. O custo da tecnologia ainda é um fator limitante para muitas empresas, mas a demanda dos passageiros por conectividade estável e a evolução da concorrência tendem a acelerar esse processo.
Além disso, a Starlink já firmou parcerias com empresas do setor de aviação executiva e com fornecedores de frota regional, o que deve espalhar ainda mais sua cobertura.
Se você está planejando uma viagem e valoriza ficar conectado durante o voo, vale a pena conferir se a sua companhia aérea já oferece Wi-Fi com tecnologia Starlink. Em muitos casos, isso pode significar acesso gratuito, sem senha, com velocidade semelhante à da sua casa mesmo a 10 mil metros de altitude.
Fontes / Sources: Space Explored / The Telegraph / PaxEx Aero / Airways Mag / Olhar Digital 1 e 2
Cover photo / Foto de capa: Photo via Satellitemap Space (Printscreen)
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